06/04/2024

algo no meio

olhando minhas fotos de anos atrás, eu não me reconheço.

olhando no espelho a minutos atrás, eu não me reconheço.

é como se eu estivesse entre essas duas imagens, entre a pessoa e o reflexo, como se eu fosse algo no meio, uma espectro do que realmente é visto ou fotografado.

e isso é horrivel...meu deus como é horrivel.

no fim não sou nada, nem o passado nem o presente, mas o que há entre essas linhas temporais? não há nada, o vazio, a inexistencia

e me sentir inexistente é uma constante intorpecente que vez ou outra me pega pela mão e conduz minha vida por horas, dias, semanas, até que algum vislumbre de realidade humana me desperta do torpor do vácuo de quem eu sou.

tudo isso para então eu voltar a me afogar nas águas do meu limbo pessoal.

parece uma brincadeira sem graça, uma maldade gratuita, de um senso de humor terrivelmente ácido que beira o desumano, porquê me deixar viver na superficie apenas para me puxar para as profundezas de novo?

será que é um meio de me lembrar da minha amarga falta de existência?

será que é o castigo por justamente não saber quem sou?

respirar por alguns segundos só faz com que a falta de ar que virá seja mais devastadora e atroz, mas de certa forma eu sinto um abraço familiar nessa tortura da alma, como se ali eu soubesse quem eu sou: a constante incerteza, o meio, a passagem.

é louco pensar como a dor é uma conhecida minha, que eu quero tanto que vá embora e nunca mais volte, porém quando seu retorno acontece - porque ele sempre virá - eu me sinto em casa, tão familiarizada com o torpor da angustia que não me surpreendo, apenas vivo o infortunio que acompanhará minha alma pelos próximos dias.

eu me pergunto onde está a verdadeira vida, a minha verdadeira vida, pois se não sou a que viveu no passado, não sou a que vive no presente, sou quem então?

sou alguém?

ou sou apenas uma existencia entre essas vidas, algo no meio, uma passagem?

por que não posso ser eu a que sinto a vida, a alegria, o prazer?

por que minha consciencia tem de estar no que está  no meio? 

aqui não é minha casa, eu não pertenço a esse espaço entre vidas, mas também não sinto que pertença a lugar nenhum...

meu olhar já está ficando vazio, os movimentos sem propósito e a fala sem sentimento. estou entrando no limbo da vida entre vidas, estou afundando lentamente, me sinto entorpecida e a superficie está cada vez mais longe, mais longe....mais...longe...


05/03/2024

Quem vive dentro de mim?

A questão não é meu peso, sei disso. Tempos atrás eu tinha esse peso e estava feliz com a vida, comigo mesma e com meu processo.

O que tinha de diferente naquela Bianca? Uma confiança diferente, talvez ingênua demais, verdadeira demais, religiosa demais…eu não sei ao certo. Mas como não sei se sou eu de 7 anos atrás? Eu sei, ou pelo menos posso saber acessando a mim mesma, mas eu não faço isso, não paro para me observar, me escutar, me estudar.


Como posso estar tão distante de algo tão próximo de mim, sinto como se fosse uma total desconhecida, como se estivesse morando na casa de um estranho, ou um estranho morando na minha casa.Afinal quem é quem nessa história? Quem chegou primeiro? de quem realmente é esse corpo? de quem é essa mente ? de quem é esse espírito?


Eu me sinto uma fraude e, não no sentido da sindrome de impostora, mas no sentido de não ter verdade em nada do que eu faço, justamente por não saber as respostas do questionamento anterior…ou por fazer esse questionanento. É como seu eu tivesse lacunas, como se tivesse mais de uma vida dentro de mim e, nenhuma delas tem um desfecho. é como se o tempo todo eu vivesse vidas inacabadas, ou comessasse histórias que não possuem um final. Há tantas pontas soltas nessa trajetoria que mais parece um ninho de passarinho cheio de galhos emaranhados que ninguem sabe onde começa ou termina.


É estranho e desesperador constatar que aquilo que escrevi um dia se tornara real: eu sempre volto para o mesmo ponto, como se eu nunca fosse feliz de verdade.

A verdadeira felicidade, aquela que me deixava sem ar, eu só senti quando minha avó era viva, ou depois da morte dela com o Fabio, mas depois de adulta, responsável, tomada pelo dinheiro eu nunca mais senti. E não, eu não vou culpar o capitalismo, ou minha mãe, meu pai, meu chefe, não tenho a quem culpar, porque no fim sou só eu com minha responsabilidades e minha cabeça cheia de pensamentos inacabados.


Me sinto uma maternidade e um cemitério, onde novos pensamentos surgem intensos e berrantes para morrerem logo em seguida e serem enterrados pelo ego. Meu carrasco e confidente. Eu não sei como me relacionar com você, os mentores me dizem para amá-lo, ir de encontro ao ego, mas por vezes eu não consigo nem saber onde começa o ego e termina o meu eu verdadeiro.


E se tudo isso não passa de uma vontade desesperada da minha mente caótica se adaptar a um mundo que não consigo compreender?

Eu tenho medo, mas não de não dar certo na vida, eu tenho medo da vida, de quando o saturno voltar cobrando tudo aquilo que plantei, para no fim eu perceber que não plantei coisa alguma e que vou morrer de fome por consequência da minha mente inconsequente.

eu ainda espero pelo salvador, pelo dia do meu salvamento, que inclusive pode ser qualquer coisa, afinal eu já botei a salvação da minha alma em qualquer coisa mesmo, desde um curso caríssimo até um notebook para escrever e estudar.


Que piada meu deus.

Eu sou uma piada as vexes, a forma como eu encontro de me burlar é sensacional, eu deveria trabalhar com isso, se isso ao menos fosse uma prosfissao.


Eu to fingindo que não quero mais morrer, mas eu quero sumir, quero dormir por uns dias e acordar com minha vida pronta e entregue pra mim numa bandeja de café da manha. Eu só queria me sentir vivendo de verdade, de verdade.


Meu deus e se eu não conseguir? e se eu não for forte como você pensou? Eu sei que o senhor sabe de tudo tudinho, mas e se nessa o senhor apostou demais? 


eu sei deus, me desculpa.

eu só queria te orgulhar meu pai, queria orgulhar alguem, queria ser suficiente para alguem, já que não me sinto suficiente para ninguem, nem para mim mesma,

meu deus, eu vou sair desse ciclo algum dia? eu vou sentir aquela alegria de novo algum dia?


(06/07/2023 - o fundo do poço)

A vida e seus ciclos

É muito louco como a vida da voltas e voltas e, mais louco é quando em uma dessas voltas nos vemos numa mesma situação já passada anteriomente.

É tipo um déjà vu longo demais, forte demais, pesado demais. Pesa na mente a constatação de estar vivendo a mesma situação ruim de novo, pesa na alma a responsabilidade de fazer diferente.

Estou terminando de passar pelo déjà vu da vida, ou melhor, de uma situação de vida nada agradavel. Parece até que a própria vida é uma piadista sem graça, que nos faz reviver momentos nada felizes só para confirmar se aprendemos mesmo a passar por aquilo. Mas não, não acho de verdade que a vida seja uma sádica que gosta mesmo é de acompanhar o nosso desprazer, sinto que a vida seja uma sábia que gosta de provar em nós o valor dos seus ensinos conforme passamos por ela.

Nesse sentido os ciclos que se repetem são para além de provas práticas, sendo também um reforço do ensino que determinadas situações nos trazem. Ao passarmos de novo por uma situação de vida que percebemos já ter passado, temos a oportunidade de provar que apreendemos em nós o que foi ensinado anteriormente.

 No entanto isso não ameniza em nada a nova passagem pela situação velha, arrisco dizer que seja até mais penoso ver toda aquela situação se repetindo, deixando um gosto amargo de autoresponsabilidade não apreendida. Porque, pensem comigo, se aprendemos na baixa - de verdade verdadeira - levaremos o aprendizado conosco, não perdendo-o na alta e o sacando quando uma noiva baixa chegar, dessa forma não sentindo o impacto da queda de maneira brusca novamente. Agora se não aprendemos, ou se não tomamos aquela situação como lição e guardamos seus ensinamentos, num dado momento quando o ciclo se repetir - porque a vida sábia quer provar seu ponto - a dor da queda tende a ser maior, pois ao passo que nos damos conta da repetição a dor da falta da falta de autoresponsabilidade bate forte.

Então como evitar repetir ciclos? Aprendendo efetivamente com eles.

Parece bem óbvio não?! Porque realmente é. Não podemos evitar de ganhar uma passagem nova por um ciclo velho, pois a vida agir por si mesma sem pedir nossa permissão, porém o tempo de permanência dependo do quanto já sacamos o que tem que ser feito ali: como lidar com as emoções, como resolver a questão, com quem falar, como falar e, todas as outras ações que precisamos ter. Isso vai definir três coisas:  a intensidade da passagem pelo ciclo que se repete, a tempo de permanência no ciclo e, o mais importante, a necessidade de uma nova vivência da mesma situação.

Afinal uma vez aprendido o ensinamento que aquela situação de vida carrega, não se faz mais necessário passar por ela mais vezes. Sem contar que nosso aprendizado nos levará por caminhos que nem chegaram perto de uma situação parecida, pois a sabedoria que fica em nós nos torna perspicazes o suficiente para saber quais caminhos uma escolha pode gerar.

Sendo assim, se eu pudesse dar um conselho sobre os ciclos da vida eu diria para prestarmos o máximo de atenção possivel em tudo o que estamos vivendo, desde a raiz do perrengue, as emoções geradas por ele, as caracteristicas das pessoas envolvidas e/ou como elas chegaram e se apresentam na situação e, claro, na resoluçãõ de tudo aquilo. É tentar absorver ao máximo cada minimo ensinamento, cada sensação de "aaahh entendi" e cada sentimento que pareceu se encaixar ao resolvermos a situação.

Queria eu ter pensando nisso antes, prestado atenção nisso tudo que listei no paragrafo anterior, teria me poupado um 2023 de muita dor, mas foi justamente por doer que posso dizer que aprendi e, que pode mandar mais uma situação dessas (de preferência não manda não, mas se tiver que mandar também), eu to pronta pra matar no peito e fazer melhor, porque dessa vez eu senti e aprendi. *rindo de nervoso*

De qualquer forma, o aprendizado de estar atenta as situações de vida, para conseguir entender quando uma está se repetindo ficou bem gravado na minha mente, talvez tenha sido isso o que Jesus quis dizer quando mandou a gente vigiar e orar, estando sempre alertas e conscientes sobre nossas próprias vidas.